Sinto falta do verde que respira e da linha horizontal que
acalma.
Mas essa é uma composição inquieta.
Cheia de movimento e tensão, saturada de elementos repetidos,
dinâmicos e contínuos.
Foi intenção trabalhar
com o tema “acúmulos e repetições” e
eles estão ali mostrando o que representam em nossas vidas.
As mulheres nas bicicletas são fortes, ligeiras, decididas, pedalando
por terrenos acidentados, sem parar... .
Quando vão descansar?
O azul e o amarelo vibrantes onde quero navegar com alegria, expressam
o oposto quando chego às figuras padronizadas e impessoais,que não dançam alegres
e livremente nesse espaço. Elas marcham rígidas e disciplinadas, são
mutantes transformadas nas chaves unidas
e presas por um fio.
Símbolos de poder as chaves abrem ou fecham portas, aqui aglutinadas
fazem um caminho denso e sombrio.
Dois pés, finalmente se encontram e dialogam numa boa... outros
deixaram suas marcas de idas e vindas num passado bem distante.
Pegadas pesadas e escuras. Como certas formas ancestrais que
habitam o inconsciente e passeiam por nossos sonhos e fantasias.
Os fios enrolam,
envolvem, censuram e reprimem? Difícil
desenredar.
Vejo túneis que indicam passagens misteriosas... e, os
círculos concêntricos num plano mais próximo do observador são olhos estranhos.
Desde esse olhar direto, que me observa, desvenda e questiona
vou seguindo por grandes curvas convergentes deslizando por linhas
com memórias de uma infância cercada de raios de sol.
Os planos geométricos de cores suaves são ritmos que unem e
conciliam o todo. Um colírio que descansa o olhar
No final da linha sinuosa, lá no alto, uma figurinha de
bicicleta surge isolada, como uma fugitiva livre e confiante, se lança no
espaço do azul.
Seu nome: Esperança...
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