segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sobre o painel das Repetições


 

Sinto falta do verde que respira e da linha horizontal que acalma.
Mas essa é uma composição inquieta.
Cheia de movimento e tensão, saturada de elementos repetidos, dinâmicos e contínuos.
Foi  intenção trabalhar com o  tema “acúmulos e repetições” e eles estão ali mostrando o que representam em nossas vidas.
As mulheres nas bicicletas são fortes, ligeiras, decididas, pedalando por terrenos acidentados, sem parar... .
Quando vão descansar?
O azul e o amarelo vibrantes onde quero navegar com alegria, expressam o oposto quando chego às figuras  padronizadas e impessoais,que não dançam alegres e livremente nesse espaço. Elas marcham rígidas e disciplinadas, são mutantes  transformadas nas chaves unidas e presas por um fio.
Símbolos de poder as chaves abrem ou fecham portas, aqui aglutinadas fazem um caminho denso e sombrio.
Dois pés, finalmente se encontram e dialogam numa boa... outros deixaram suas marcas de idas e vindas  num passado bem distante.
Pegadas pesadas e escuras. Como certas formas ancestrais que habitam o inconsciente e passeiam por nossos sonhos e fantasias.
 Os fios enrolam, envolvem, censuram e  reprimem? Difícil desenredar.
Vejo túneis que indicam passagens misteriosas... e, os círculos concêntricos num plano mais próximo do observador são olhos estranhos.
Desde esse olhar direto, que me observa, desvenda e questiona vou seguindo por grandes curvas convergentes deslizando por linhas com memórias de uma infância cercada de raios de sol.
Os planos geométricos de cores suaves são ritmos que unem e conciliam o todo. Um colírio que descansa o olhar
No final da linha sinuosa, lá no alto, uma figurinha de bicicleta surge isolada, como uma fugitiva livre e confiante, se lança no espaço do azul.
Seu nome: Esperança...
 
Eunice Gavioli - 2012



 

Nenhum comentário:

Postar um comentário